AT na Prática - Introdução


Introdução
A Análise Técnica é, na verdade, uma ferramenta para estudar o comportamento humano, especificamente o movimento das massas. Na Bolsa não é o indivíduo, mas o comportamento coletivo que importa. E a questão principal é a possibilidade da previsibilidade e da recorrência dos padrões que identificam esse comportamento. Observa-se que há padrões recorrentes, mas também há muita aleatoriedade. Há o simples e o complexo. Compreender o comportamento da massa de investidores é um caso especial, mas exemplar, da influência do emocional sobre o racional na tomada de decisões importantes, que impliquem em ganhos ou perdas significativos.

O livro apresenta um método simples (vale lembrar que simples não significa fácil) para operar ações. Há elementos científicos, mas prevalece a intuição. O método é baseado em três fundamentos inferidos ao longo de décadas de prática diária em diversos mercados e uma variedade enorme de ativos. São as premissas básicas da Análise Técnica: o preço, o volume, e a volatilidade. Estes elementos ocorrem de forma aparentemente aleatória ao longo do tempo, mas, combinados, revelam uma lógica (empírica) que ajuda a entender o comportamento do mercado. A correta avaliação do atual e do passado é fundamental para apostar no futuro, com maior probabilidade de sucesso. É isso mesmo, buscamos apenas uma probabilidade - não há certeza alguma de acertar o futuro. O objetivo é acertar mais e errar menos, seja na quantidade ou na qualidade das operações.
Um monge franciscano que viveu no século XIII, William de Ockham, é um dos precursores da metodologia científica que prega a simplicidade ou, como dizia Einstein, “faça sempre o mais simples possível”.  Utilize apenas os elementos fundamentais, retire tudo o que é redundante, tudo que não acrescenta valor real. Reduza ao essencial, assim você facilita o processo de aprendizado e o domínio da técnica.

A relação dos três elementos fundamentais da Análise Técnica não obedece às regras de uma rigorosa lógica científica. O aprendizado e o domínio da técnica só ocorrem por meio de um processo repetitivo de tentativa e erro. Ou seja, através de uma prática diária e intensa. Muita transpiração. Como o mestre “arqueiro zen” que, após muito treino, faz do arco e flecha uma extensão do seu corpo. Desse modo, o processo de esticar o arco e liberar a flecha torna-se automático. O mestre não pensa, apenas age.
Para combater a característica aleatória do movimento do preço, é importante contar com a ajuda da sorte. É preciso fomentar a sorte. Só uma mente aberta e sem preconceitos tem a flexibilidade necessária para se expor e aproveitar um maior número de oportunidades. Esta é uma das formas de “ter mais sorte”... aumentar a exposição. A estratégia adotada neste livro pressupõe acompanhar o maior número possível de ações (com liquidez). Outra medida para favorecer a sorte é operar prazos mais curtos, de alguns dias a algumas semanas, método conhecido como swing trading. Assim você opera com maior freqüência e tem mais oportunidades de ganhar. Você vai operar com base na análise dos gráficos diários. Não há necessidade de acompanhar a Bolsa em tempo real. Basta dedicar alguns minutos por dia, após o fechamento dos mercados.

Esta obra se inspira na experiência real do dia a dia. Os exemplos apresentados são as recomendações diárias que fiz para os clientes da corretora, sem o benefício de uma análise retrospectiva. Assim é possível avaliar o processo de decisão real, os erros e os acertos, sem o conhecimento prévio dos resultados. Desta forma o livro retrata a realidade da prática, muito diferente de exemplos teóricos ou escolhidos “a dedo”. 
Além disso, este livro ajuda a dar os primeiros passos no processo de compra e venda de ações. O verdadeiro aprendizado, porém, ocorre com o passar do tempo. Ocorre com a prática diária e a busca do “agir sem pensar”. É decidir com uma boa dose de intuição, resultado de muito trabalho, dedicação e acúmulo de conhecimento prático.

7 comentários:

Eduardo Matsura disse...

Operar contra a tendência tem os seus riscos ... Após o acionamento do gatilho (15,88) o papel fez um MARUBOZU de baixa (!), fechou na mínima do dia, em queda de -2,59% (15,40)a 1 ponto do stoploss (15,39). O viés ficou mais baixista, é melhor realizar o prejuízo.

Murilo disse...

olá, em um livro o sr sugere stop de 5% abaixo da compra ou ha situaçoes em que é evidente o posicionamento de stop em fundos de vales anteriores ou até abaixo da minima do ultimo dia. comente por favor.

Eduardo Matsura disse...

Olá Murilo, existem 2 tipos de stops: financeiro e técnico. O financeiro geralmente é um valor percentual; uma sugesão é utilizar 5% para cada operação em uma carteira diversificada de 5 ações (neste caso a perda potencial de cada operação é de 2% do valor total da carteira). O stop técnico pode ser a mínima mais recente ou a primeira referência de suporte. Vc pode utilizar os 2 stops simultaneamente, neste caso é recomendado que o stop técnico ocorra sempre antes do stop financeiro.

Walter A. Bernegozzi Junior disse...

Eduardo Matsumura
Em primeiro lugar, parabéns pelo blog. Muito interessante.
Gostaria de fazer uma pergunta.
Vc opera com IFR?
IFR2? IFR7 ou IFR20-21?
Se sim, como entra e sai da operação com IFR?

Abraço.

Eduardo Matsura disse...

Olá Walter, obrigado pelo comentário.
Não utilizo o IFR; já utilizei o indicador de momento (ROC), o MACD e o estocástico. No geral são muito similares, não há muitas diferenças nas indicações de sobrecompra/venda e divergências. Hoje utilizo candle, volatilidade (bandas de Bollinger) e volume; acho que é suficiente, simplifiquei, não perdi nada de relevante. Com um método mais simples posso olhar mais papéis, isso sim é relevante, abrir a janela das oportunidades.
Matsura

Murilo disse...

Caro Matsura, li seu comentário sobre sua preferencia atual por Bollinger. Gostaria de saber sobre a importancia da constriçao ou afunilamento das bandas superior e inferior em um determinado momento do movimento do gráfico. obrigado

Eduardo Matsura disse...

Olá Murilo, as bandas de Bollinger ajudam a medir a volatilidade de cada papel. A volatilidade tem um comportamento cíclico; após uma compressão (estreitamento) ocorre uma expansão e vice-versa. Existe uma oportunidade para comprar ou vender, quando o preço rompe uma das bandas de volatilidade (significa movimento do preço), seja no primeiro ou no segundo desvio padrão. As bandas de Bollinger são definidas acima (+1 e +2 desvios) e abaixo (-1 e -2 desvios)da média de 20 dias.